domingo, 28 de maio de 2017

O Trem de A uschwitz
 Base Bíblica

“... E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR teu Deus...” Ams 9:14-15
  

O Trem saia lotado da estação
Numa manhã fria, na periferia de Paris.
Percorria montanhas íngremes e vales.
Não houve despedida e nem comoção.
Os judeus entre a resiliência e males...
Choram em silêncio ao Deus de Abraão.
    “...O teu Redentor é o Santo de Israel..." (Isaías 41.14).
                O Trem especial com 1.112 judeus
                                            destinados ao campo de extermínio fatal,
                                          entre versos recitados do Torá, lágrimas, dor.
                                          O Vagão parece ranger gemidos inexprimíveis
                                          Olhares perdidos, sonhos desfeitos, risos e pó.
                                          Compiègne ficou para trás, dizem:
                                                           “feios e miseráveis”, olhem só:
                            “Do que restou do povozinho de Jacó”. (Isaías 41.14).
                             "Não temas, ó vermezinho de Jacó, povozinho de Israel;
                    O  Trem com seus vagões abarrotados e fétidos
                                         Em comboio percorre 3 dias e noites até chegar.
                                         O inverno rigoroso já tinha passado, é primavera.
                                         O aroma suave da flor de Liz, que embeleza Paris!      
                                        Tulipas coloridas nas ruas de Nord-Pas-de-Calais.
                                        Tristes e despidos na alma, despedem-se de Drancy.
          O Trem percorre entre murmurações dos deportados
                                          A morte espreita, o desespero invade os vagões...
                                          É choro incontido, é a alma que implora tudo é vago.
                                          Após sobreviverem à viagem macabra os renegados
                                        “São recepcionados com a frase” "o trabalho liberta"
                         Epilogo
“....O Senhor tem ajuntado o povo judeu espalhado e lhes tem devolvido o 
direito  à terra de Israel..." Ezequiel 11:17. 
Velhos, crianças,  são conduzidos entre choros e afagos,
A câmara de gás letal, o horror da morte conduz ao além.
Nenhuma voz no vazio infinito, nem um som, nem um grito!
Gemidos na fria Auschwitz são abafados pelo apito do trem.
 
"O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram."    Os Irmãos Karamazov, Dostoiévski .

                                                Autor: Carlos Assis Gamarra
                                                        "Poeta do Iguassu"
                                                              18/02/2017.