TROPEIRO BRUTO
Parte I
Chegamos com a
boiada, em um tempo que se foi
Caminhos íngremes,
chuvarada fria, enchentes...
Corria vento minuano,
não perdemos nenhum boi
Cantilena triste dos muares indica tempo que
se foi
Graveto após graveto,
fogo amigo na noite, não se desfaz
Uma conversa curta,
um gole de cidrão, que vida ingrata.
Chorando se foi a morena noite, brilhou o sol entre a mata
Percorrendo o trecho,
deixo meu coração em cada esquina
Uma cruz, cruzes ao
longo da estrada, grito: “Eita Boiada”!
Precisamos subir
vencer o cansaço e chegar a Sorocaba.
Outra vez, um casarão
solitário, perdeu-se a memória de vida
Parece contar uma
história, de uma família que ali
morava...
Lembranças pedidas,
vidas interrompidas em nossa trajetória.
Seguindo em frente,
vamos minha gente, longa é a estrada.
Cada boi que passa,
cada gemido muares, ouço tinir no ouvido
Uma cantilena triste,
mas que ainda persiste na minha jornada.
Tropeiro Bruto sou, percorrendo
cidades, entro em Rio Negro,
Campo do Tenente, Lapa,
Castro, Ponta Grossa, Palmeira,
Prossigo para Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés, até Itararé.