O Giz cumpria sua
missão.
Todo dia lustrava a
lousa fria,
enchendo o quadro
oliva de lição.
Sofria o Giz, Gemia pela dolorosa tarefa
Sofria o Giz, Gemia pela dolorosa tarefa
Obedecia o que a
professora lhe dizia.
Obrigava a desenhar
no quadro-negro,
palavras despedaçadas
em sílabas,
crivadas de acentos
agudos...
Não entendia...
aqueles números enfileirados,
aqueles números enfileirados,
como soldadinhos de
parada militar.
Enquanto as crianças cresciam,
o pobre Giz encolhia.
Só lhe restava um
minúsculo corpinho
Quando a professora
num gesto bruto
Jogou-o bruscamente
na cesta de lixo.
Por incrível que
pareça
naquele fim de tarde,
naquele fim de tarde,
o Giz despertou,
pouco depois todo sujo de gel
pouco depois todo sujo de gel
embolado em uma
rasgada
folha de papel.
folha de papel.
Espreguiçou no fundo
do bolso de um dos alunos.
do bolso de um dos alunos.
O Giz todo
sorridente, esteve ante o inferno e céu,
para a surpresa geral
o menino sentou-se no asfalto
com aquele último
pedaço de Giz, que estava absorto
Desenhou uma pipa, no
pixe frio: EU TE AMO tanto!
O Giz gritou no pó,
solitário comemorava tão só...
Eis que fui
burocrático, no fundo do lixo, morto...
Ouçam estou nas
nuvens, perto de Deus, tenha dó!
O Giz, feliz, nem se
deu conta de que desvanecia
assim numa rua de
asfalto, no bairro da periferia,
O Giz reinventava,
confundia-se com a alegria,
contagiante,
estonteante da adolescência.
Mas não teve jeito, o
pó desgastado do Giz fujão
Foi parar no ralo de
esgoto, teve conseqüências
A comunidade toda
entendeu sua nobre missão
Gravado ficou na
matemática da vida a potência
E na língua
portuguesa, toda a sua irreverência
Na História e
Geografia toda peripécia GLOBAL
Na Biologia, Química
e Física, obteve ciclo vital
Na Arte, na
Sociologia e Filosofia foi magistral.
©Carlos Assis Gamarra
24/01/2012
©Carlos Assis Gamarra
24/01/2012
FOZ
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