terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O GIZ MÁGICO






A contragosto sem alegria,
O Giz cumpria sua missão.
Todo dia lustrava a lousa fria,
enchendo o quadro oliva de lição.


Sofria o Giz, Gemia pela dolorosa tarefa
guinchando fazia o que devia, sorrindo;
Obedecia o que a professora lhe dizia.
Obrigava a desenhar no quadro-negro,
palavras despedaçadas em sílabas,
crivadas de acentos agudos...
Não entendia...
aqueles números enfileirados,
como soldadinhos de parada militar.
Enquanto as crianças cresciam,
o pobre Giz encolhia.
Só lhe restava um minúsculo corpinho
Quando a professora num gesto bruto
Jogou-o bruscamente na cesta de lixo.

Por incrível que pareça
 naquele fim de tarde,
o Giz despertou,
 pouco depois todo sujo de gel
embolado em uma rasgada 
folha de papel.
Espreguiçou no fundo
 do bolso de um dos alunos.

O Giz todo sorridente, esteve ante o inferno e céu,
para a surpresa geral o menino sentou-se no asfalto
com aquele último pedaço de Giz, que estava absorto
Desenhou uma pipa, no pixe frio: EU TE AMO tanto!

O Giz gritou no pó, solitário comemorava tão só...
Eis que fui burocrático, no fundo do lixo, morto...
Ouçam estou nas nuvens, perto de Deus, tenha dó!

O Giz, feliz, nem se deu conta de que desvanecia
assim numa rua de asfalto, no bairro da periferia,
O Giz reinventava, confundia-se com a alegria,
contagiante, estonteante da adolescência.

Mas não teve jeito, o pó desgastado do Giz fujão
Foi parar no ralo de esgoto, teve conseqüências

A comunidade toda entendeu sua nobre missão
Gravado ficou na matemática da vida a potência
E na língua portuguesa,  toda a sua irreverência
Na História e Geografia toda peripécia GLOBAL
Na Biologia, Química e Física, obteve ciclo vital
Na Arte, na Sociologia  e Filosofia foi magistral.


©Carlos Assis Gamarra
24/01/2012
FOZ


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